O Mágico

Filme melancólico e belíssimo! Usando como base do enredo uma trama escrita pelos genial artista francês Jacques Tati, falecido, O mágico retrata o ostracismo que acomete uma trupe de artistas de vanguarda que parecem não ter mais espaço diante dos novos modismos e da tecnologia que se incorporou aos espetáculos. Um deles é o personagem principal que, discriminado na cidade, parte para uma temporada no interior e, de lá, volta com uma mocinha a tiracolo que o adotou como padrinho. A partir dai, ele tenta de tudo para dar uma vida decente à afilhada. Sem diálogos traduzidos, o filme se impõe com a força das cenas e da animação! Muito bom!

Reino Animal

Impressionante! Esta é a palavra para descrever um dos melhores filmes de 2010. Australiano e vencedor de Sundance, mostra um momento crucial na vida de uma família de contraventores que está sendo acompanhada de perto pela polícia. É neste meio que vai parar o jovem Josh, sobrinho dos caras, após sua mãe, filha única entre quatro irmãos, morrer de overdose. Ela estava afastada da família há anos após romper com a mãe, viúva que ao mesmo tempo parece ter medo e domínio sobre seus filhos. O primogênito, de temperamento instável, se encontra foragido, o segundo, está tentando mudar de vida e parece ser o eixo racional da família. O terceiro está traficando drogas e o caçula, meio perdido entre os negócios dos irmãos. A polícia porém começa a fechar o cerco e esta família começa a sofrer as conseqüências do que plantou.

A direção do estreante David Michôd é precisa e cria momentos de muita tensão. O elenco dá show - Jackie Weaver, a matriarca, foi indicada ao Oscar - nesta estória triste e contundente. Filmaço!

Profissão de Risco

Filme do inicio dos 2000 que conta a ascensão do americano George Jung no tráfico de drogas na Califórnia. Ele chega na cidade bem jovem, com um amigo a tiracolo e logo se deixa envolver pelo negócio que traz um dinheiro fácil. Não demora para ser preso e é neste local que ele conhece um futuro sócio, com conexões colombianas, conexões com o chefão Pablo Escobar. George logo vira um dos grandes mas neste meio, traições e armadilhas vêm fácil também e é dificil se manter no topo muito tempo. A vida de George, figura real, é contada de forma episódica pelo diretor Ted Demme - vitimado por overdose - fluindo simples e superficial mas agradável de se acompanhar. O elenco também ajuda! Bacana!

De Pernas Pro Ar

Comédia nacional, grande sucesso, que tem um ar meio tosco, novela mexicana mesmo. Isso nos cenários e nas escolhas da direção ao contar a estória da executiva de marketing abandonada pelo marido por priorizar o trabalho e que, demitida, reiventa a vida como sócia de sua vizinha, proprietária de um sex shop à beira da falência. Não demora para ela virar o jogo a seu favor. Salvam-se Ingrid Guimarães e boas cenas cômicas! Divertido!

Santuário

Eficiente produção capitaneada por James Cameron e que faz excelente uso do 3D para contar a estória e mostrar o tal Santuário, cavernas aquáticas intocadas pelo homem e que estão sendo exploradas por uma equipe, bancada por um milionário que parece ter outros interesses no local. Não contavam, porém com a imprevisível natureza, que precipita uma chuva prevista para dias depois e que surpreende todos lá embaixo, os obrigando a adentrar no mais profundo para encontrar uma saída. Os personagens são bem estereotipados, mas a viagem vale a pena. Cenários belíssimos e muita tensão nervosa.

Solomon Kane

Mais uma ótima produção e bons atores desperdiçados por uma estória fraca! O anti-herói Solomon Kane vive errante desde que rompeu com o pai, que o queria mandar para o monastério e, passou a pilhar fortunas em suas viagens marcadas pelos rastro de sangue que deixava para trás, além de insinuar possuir um pacto com o demo para ter o corpo fechado. Eis que o mal volta para levar sua alma, ele escapa, e procura mudar de vida. Não demora para o Coisa Ruim voltar a atormentá-lo nos idos de 1600, época áurea da bruxaria medieval. A estória é louca, mas dá pra acompanhar num dia de chuva!

Daybreakers

Ótima produção e boas cenas de ação adornando uma frágil estória. No ano de 2019, devido a uma praga vampírica, o jogo se inverteu para a humanidade e a minoria passou a ser os seres humanos. Em busca de uma alternativa ao sangue, que virou artigo de luxo, cientistas tentam evitar o caos em nome de uma Companhia com interesses excusos. A solução do roteiro para a cura do mal é risível. Fraco!

Tetro

O novo filme de Coppola é belíssimo. Ele aplica vários recursos estilísticos que conferem muita plasticidade ao filme. O presente é em preto e branco, o passado, colorido. Tetro é uma abreviação do sobrenome patriarcal Tetrocine e é por esse codinome que atende o personagem título, artista frustrado que rompeu laços anos atrás com a família e foi viver na Argentina, berço de suas origens. Eis que de surpresa, seu irmão caçula, aprendiz de marinheiro, aparece por lá e tenta desvendar o que se esconde no passado. Não será fácil.

Ótima direção de atores, cenas lindas e fotografia estupenda! Ecos de O poderoso chefão no estilo operístico do enredo. Muito bom!